NOTA DE FALECIMENTO
É com grande pesar que anunciamos o falecimento do Geógrafo Prof. Aziz Nacib Ab'Saber.
O Prof. Azis, nasceu em São Luis do Paraitinga em 24 de outubro de 1924, aos 6 anos de idade sua familia mudou-se para Caçapava, onde moraram de 1930 a 1940, Prof. Azis estudou na Escola Rui Barbosa.
Geógrafo e Professor Universitário Brasileiro, considerado referência em assuntos relacionados ao meio ambiente e impactos ambientais decorrentes das atividades humanas. Cientista polivalente, laureado com as mais altas honrarias da ciência emArqueologia, Geologia e Ecologia - Membro Honorário da Sociedade de Arqueologia Brasileira, Grão Cruz em Ciências da Terra pela Ordem Nacional do Mérito Científico, Prêmio Internacional de Ecologia de 1998 e Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente - é Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, professor honorário do Instituto de Estudos Avançados da mesma universidade e ex-presidente e atual Presidente de Honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Embora tenha se aposentado compulsoriamente no final do século XX, ainda se mantinha em atividade.
O CAM-Caçapava dedicou a Reunião realizada ao Grande Mestre Prof. Azis, também lamentamos pelo fato que hoje a tarde antes de todos saberem sobre o seu falecimento, foi finalizado o texto do Projeto de Decreto Legislativo que iria lhe conceder o Título de Cidadão Caçapavense e seria apresentado na próxima Sessão de Câmara. O Título de Cidadão Caçapavense é a maior honraria dada a pessoas que tenham realizado algum legado para Caçapava, mas o Prof. Azis não só fez pr Caçapava, mas pelo Brasil e o Mundo, já que era considerado o maior Geógrafo Geomorfologista do Brasil e um dos maiores do mundo. No final do ano passado o Prof. Azis entrou em contato com o CAM-Caçapava, para agradecer pela lembrança e dedicatória pelo Título, o qual ressaltou que seria um dos mais honrosos a receber em toda a sua vida.
Os pesares já foram feitos até o momento por meio de ligação telefonica para a sua esposa Srª. Clea, a qual agredeceu pelas considerações
Biografia
Filho de um mascate libanês e de uma brasileira de São Luiz do Paraitinga e criado em meio as roceiros dos quais sua mãe era filha, se muda para São Paulo pouco antes de ingressar na USP no curso de Geografia e História aos dezessete anos, assumindo sua primeira função pública como jardineiro da Universidade, enquanto dava continuidade a sua formação com cursos de especialização.
Trabalhou durante vários anos como professor do ensino básico. Posteriormente lecionou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e finalmente na Universidade de São Paulo.
Iniciou suas pesquisas na área de geomorfologia e logo passou a incorporar conceitos de diferentes áreas do saber.
Desenvolveu centenas de pesquisas e tratados científicos, dando contribuições importantes para a ecologia, biologia evolutiva,fitogeografia, geologia, arqueologia, além da geografia. Dentre algumas dessas múltiplas contribuições, estão estudos que corroboram a descoberta de petróleo na porção continental na Bacia Potiguar e a coordenação da criação dos parques de preservação da Serra do Mar e do Japi. Os temas abordados incluem exaustivas classificações e levantamentos nos domíniosmorfoclimáticos e dos ecossistemas continentais sul-americanos, reconstituição de paleoclimas sul-americanos, estudos de planejamento urbano aerolar, pesquisas de geomorfologia climática sul-americana, elaboração de modelos explicativos para adiversidade biológica neo-tropical - Redutos Pleistocênicos - além de estudos sobre rotas de migração dos povos pré-colombianos sul-americanos. Atuou também com medidas para preservação do patrimônio histórico - tombamento do Teatro Oficina) - e teorias da educação, com o fim de incluir currículos setoriais em grades de ensino regionais e nacionais.
Características de sua obra
Prof. Azis defende um papel mais ativo dos cientistas numa ciência aplicada e colocada a serviço dos movimentos sociais. Esse ideal o levou a ser consultor ambiental do Partido dos Trabalhadores e a tornar-se próximo de Lula por um longo período. Posteriormente tornou-se crítico do Governo Lula devido, especialmente, à sua política ambiental - a qual classifica como a maior frustração na história do movimento ambientalista brasileiro. O intenso apoio governamental aos usineiros e ao projeto de Transposição do Rio São Francisco - que julga servir primordialmente aos interesses dos grandes proprietários de terra donordeste seco - também colaboram para seu distanciamento. Avalia que o governo, ao mesmo tempo que consegue popularidade com medidas mitigadoras, aprofunda um modelo de desenvolvimento hostil aos interesses da maior parte da população brasileira. Com a credibilidade adquirida nas décadas de trabalho como cientista, Ab'Saber procura respaldar os movimentos sociais que lutam contra obras desenvolvimentistas hostis aos seus interesses e seus modos de vida - como a citada transposição do Rio São Francisco ou a barragem dos rios do Vale do Ribeira. Homenageado do ano pela reunião do SBPC de 2010, proferiu pesadas críticas as mudanças no Código Florestal brasileiro colocando-o no contexto de desmonte da política ambiental brasileira.
Sua última crítica vai ao encontro do chamado aquecimento global, classificando-o como uma das grandes farsas da atualidade. Ab'Saber não nega o aquecimento mas afirma que a contribuição antrópica para o fenômeno ainda não é suficientemente conhecida. Afirma que algumas das previsões de impactos estão baseadas em pressupostos equivocados, resultando em diagnósticos consequentemente inválidos. Aponta a onda de calor do verão (no hemisfério sul) 2009-2010 como exemplo de como, por vezes, a interpretação dos fenômenos climáticos é distorcida. Enquanto muitos argumentam que o aquecimento global foi o responsável por isso, Ab'Saber recorda que este é o pico de atividade do El Niño, que se repete de 12 em doze anos (ou de 13 em treze anos ou ainda a cada 26 anos) e que, portanto, um pico de calor era esperado.
Teve também o valor literário de sua obra destacado - recebeu três vezes o Prêmio Jabuti, duas na categória de ciências humanas e uma na de ciências exatas.
Obras Selecionadas
- Ecossistemas Brasileiros
- Domínios da natureza no Brasil - potencialidades paisagisticas
- Litoral Brasileiro
- São Paulo: ensaios entreveros
- Amazônia: do discurso a práxis
- Áreas de circudesnudação periférica pós-cretácea
- A Terra Paulista
- O homem do terraço de Ximango
- Espaços ocupados pela expansão dos climas secos na América do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários
- Domínios geomorfológicos da América do Sul: primeira aproximação
- O homem na América Tropical: estoques raciais em contato e conflito
- The paleoclimate and paleoecology of brazilian amazon
- Geomorfologia do Sítio Urbano de São Paulo
Prêmios e condecorações selecionados
- Professor-Emérito da USP, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
- Professor honorário do Instituto de Estudos Avançados da USP
- Doutor Honoris Causa, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ
- Membro da Academia Brasileira de Ciências
- Membro honorário da Sociedade de Arqueologia Brasileira
- Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia de 1999
- Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico em Ciências da Terra
- Prêmio Internacional de Ecologia de 1998
- Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente de 2001
- Premios Jabuti de Ciencias Humanas 1997, 2005 e 200
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